segunda-feira, 17 de novembro de 2008
sábado, 15 de novembro de 2008
Meus Heróis Morreram de Overdose
Já eram quase três horas da manhã quando abri bem os olhos e vi.
Uma multidão implorando por amor. Por atenção, por estima. Chorando desprezo, dores da alma, angústia e um sentir-se só.
Mulheres sensualíssimas com rosto pintado e um certo olhar de drogas injetáveis. Elas dançavam, rebolavam seu rebolado curto, desfilavam tatuagens coloridas, cabelos desfiados e drinques acompanhados de seus cigarros. Unhas vermelhas, olhares nada acanhados dizendo “come and (try to) get me”. Disputamos pessoas, poder, beleza, raridades. E ficamos todos iguais. E um vazio gigante por dentro, quase imperceptível.
Era muito tarde pra mim. Quase três horas da manhã. Mas, também segurando meu drinque acompanhado de seu cigarro, dispus-me a observar aquela “dança-do-acasalamento-moderno”, onde o objetivo finale era outro, que não a reprodução. Ao menos racionalmente.
Mundo louco este em que vivemos. Somos filhos de Woodstock, libertos de verdades e mentiras. Aprendemos artes, mulheres votam, sexo é uma bobagem normal e inútil, aparência vale mais que tudo e... tudo pode. O meio sustentável de relacionamento é a internet, a impessoalidade chega aos consultórios psiquiátricos, e nossos cientistas pesquisam sobre células-tronco enquanto brigam com a Igreja quando o assunto é camisinha.
Mundo louco onde inventam vírus para venderem antivírus e neuroses para venderem antipisicóticos. E todos somos carentes de pais ausentes e mães culpadas porque trabalham o dia todo e pipoqueiros vendem drogas nas portas das escolas!
E nos sentamos na frente da TV todos os dias e assistimos os novos capítulos das novelas do caos político, dos filhos jogados em latões de lixo, do policial corrupto, das meninas de 12 anos e seus filhos, da AIDS, dos tiroteios nas favelas, das pessoas depressivas... E da nova coleção de biquínis Rosa Chá!
E quando abri bem meus olhos de sono vi muito bem: mulheres se jogando aos machos autistas, drogas que resolvem todos os problemas (tensão, estresse, transtorno obsessivo compulsivo, solidão, sede, gordura, magreza e vontade de chorar), cheiro de desespero, de desperdício.
Mundo louco! Muito louco este em que vivemos. Habitamos, sobrevivemos, interagimos individualmente sob cápsulas protetoras. O contato se restringe aos meios de comunicação virtuais e a poucos encontros com a realidade massacrante que criamos.
E não sabemos o que fazer com as mãos. E corpos.
Foi aí que fiquei com nojo. Eu estava ali também.
Como não pude vencê-los, só me faltou verificar se minha segurança ainda estava no meu bolso. Meu Rivotril.
É revoltante.
Uma multidão implorando por amor. Por atenção, por estima. Chorando desprezo, dores da alma, angústia e um sentir-se só.
Mulheres sensualíssimas com rosto pintado e um certo olhar de drogas injetáveis. Elas dançavam, rebolavam seu rebolado curto, desfilavam tatuagens coloridas, cabelos desfiados e drinques acompanhados de seus cigarros. Unhas vermelhas, olhares nada acanhados dizendo “come and (try to) get me”. Disputamos pessoas, poder, beleza, raridades. E ficamos todos iguais. E um vazio gigante por dentro, quase imperceptível.
Era muito tarde pra mim. Quase três horas da manhã. Mas, também segurando meu drinque acompanhado de seu cigarro, dispus-me a observar aquela “dança-do-acasalamento-moderno”, onde o objetivo finale era outro, que não a reprodução. Ao menos racionalmente.
Mundo louco este em que vivemos. Somos filhos de Woodstock, libertos de verdades e mentiras. Aprendemos artes, mulheres votam, sexo é uma bobagem normal e inútil, aparência vale mais que tudo e... tudo pode. O meio sustentável de relacionamento é a internet, a impessoalidade chega aos consultórios psiquiátricos, e nossos cientistas pesquisam sobre células-tronco enquanto brigam com a Igreja quando o assunto é camisinha.
Mundo louco onde inventam vírus para venderem antivírus e neuroses para venderem antipisicóticos. E todos somos carentes de pais ausentes e mães culpadas porque trabalham o dia todo e pipoqueiros vendem drogas nas portas das escolas!
E nos sentamos na frente da TV todos os dias e assistimos os novos capítulos das novelas do caos político, dos filhos jogados em latões de lixo, do policial corrupto, das meninas de 12 anos e seus filhos, da AIDS, dos tiroteios nas favelas, das pessoas depressivas... E da nova coleção de biquínis Rosa Chá!
E quando abri bem meus olhos de sono vi muito bem: mulheres se jogando aos machos autistas, drogas que resolvem todos os problemas (tensão, estresse, transtorno obsessivo compulsivo, solidão, sede, gordura, magreza e vontade de chorar), cheiro de desespero, de desperdício.
Mundo louco! Muito louco este em que vivemos. Habitamos, sobrevivemos, interagimos individualmente sob cápsulas protetoras. O contato se restringe aos meios de comunicação virtuais e a poucos encontros com a realidade massacrante que criamos.
E não sabemos o que fazer com as mãos. E corpos.
Foi aí que fiquei com nojo. Eu estava ali também.
Como não pude vencê-los, só me faltou verificar se minha segurança ainda estava no meu bolso. Meu Rivotril.
É revoltante.
By Carolina Uva Bahasi
23 de Julho de 2008
23 22:41 h
23 de Julho de 2008
23 22:41 h
quinta-feira, 6 de novembro de 2008
Carta à Inspiração
Querida Inspiração,
Vossa Senhoria anda sumida destas bandas de cá, de onde canta o sabiá, onde ficam as costas e os espelhos, os Girassóis e o jardim encantado. Há muito tempo não a vejo, nem de longe nem de perto, e tenho sentido vontade de sentir sua falta. Um pouco cansada, porém. Mas meu eu interior (aquele que vive brigando comigo) me pressiona a escrever-lhe esta carta e solicitar seu comparecimento. Ao seu devido lugar.
Sei que andas muito sumida, perdida por aí... Debaixo de alguma sacada, cantando coisas de amor. Mas como escrever é um ato de liberdade, sei que V. Sa. também precisa se libertar das amarras deste mundo sem mãos. Senhora Inspiração, sabemos que não tens mãos...
Mando aos seus saberes, ainda, que a senhora Preguiça anda muito lenta e em processo de retirada. Sendo assim, todo o espaço que ocupava com seu volume avantajado será liberado para que vossa senhoria possa voltar a dançar e cantarolar dando piruetas felizes em processo de produção contínua e indolor.
Espero que vossa majestade não ouse ludibriar-me. Esta persona que não consegue mais escrever longas anedotas ou mesmo pequenos ensaios sobre as coisas da vida. Porque quem vos escreve precisa de sua mágica arte da criação espontânea.
Nem sei se há de receber esta correspondência. Faço votos que a modernidade dos tempos de outrora façam chegar à digníssima tão importante recado, mas gentileza, de qualquer maneira, dar o ar da graça.
Compareça, cedo ou tarde, mas ainda por agora. Voltaremos às vacas polpudas e deixaremos de lado estes pangarés magrelos da “sem gracisse” que ainda tentam, mesmo semi-padecidos, nos carregar nos ombros. Os deixaremos na morte e vida severina, nos sertões de veredas, nos agrestes com suas tietas e suas vidas secas.
E vamo-nos embora para pasárgada, o não lugar, lá onde fica aquele vilarejo ali, que tem uma casa muito engraçada, lá onde a existência é uma aventura. Lá onde posso chegar mais perto e contemplar as palavras. Cada uma. Onde ficam as bandas de música. Foguetes. Discursos. Povo de chapéu de palha. Vamos porque é preciso partir é preciso chegar... Ah, como esta vida é urgente! Vamos lá onde quando se vê, já são seis horas e quando de vê, já é sexta-feira!
É logo ali, onde eu posso voltar a ter apenas as duas mãos e o sentimento do mundo.
E, por favor, perdoe-me, senhora Inspiração, se escrevi carta tão comprida. Não tive tempo de fazê-la curta.
By Carolina Bahasi
05 de Novembro de 2008
15:07 h
Vossa Senhoria anda sumida destas bandas de cá, de onde canta o sabiá, onde ficam as costas e os espelhos, os Girassóis e o jardim encantado. Há muito tempo não a vejo, nem de longe nem de perto, e tenho sentido vontade de sentir sua falta. Um pouco cansada, porém. Mas meu eu interior (aquele que vive brigando comigo) me pressiona a escrever-lhe esta carta e solicitar seu comparecimento. Ao seu devido lugar.
Sei que andas muito sumida, perdida por aí... Debaixo de alguma sacada, cantando coisas de amor. Mas como escrever é um ato de liberdade, sei que V. Sa. também precisa se libertar das amarras deste mundo sem mãos. Senhora Inspiração, sabemos que não tens mãos...
Mando aos seus saberes, ainda, que a senhora Preguiça anda muito lenta e em processo de retirada. Sendo assim, todo o espaço que ocupava com seu volume avantajado será liberado para que vossa senhoria possa voltar a dançar e cantarolar dando piruetas felizes em processo de produção contínua e indolor.
Espero que vossa majestade não ouse ludibriar-me. Esta persona que não consegue mais escrever longas anedotas ou mesmo pequenos ensaios sobre as coisas da vida. Porque quem vos escreve precisa de sua mágica arte da criação espontânea.
Nem sei se há de receber esta correspondência. Faço votos que a modernidade dos tempos de outrora façam chegar à digníssima tão importante recado, mas gentileza, de qualquer maneira, dar o ar da graça.
Compareça, cedo ou tarde, mas ainda por agora. Voltaremos às vacas polpudas e deixaremos de lado estes pangarés magrelos da “sem gracisse” que ainda tentam, mesmo semi-padecidos, nos carregar nos ombros. Os deixaremos na morte e vida severina, nos sertões de veredas, nos agrestes com suas tietas e suas vidas secas.
E vamo-nos embora para pasárgada, o não lugar, lá onde fica aquele vilarejo ali, que tem uma casa muito engraçada, lá onde a existência é uma aventura. Lá onde posso chegar mais perto e contemplar as palavras. Cada uma. Onde ficam as bandas de música. Foguetes. Discursos. Povo de chapéu de palha. Vamos porque é preciso partir é preciso chegar... Ah, como esta vida é urgente! Vamos lá onde quando se vê, já são seis horas e quando de vê, já é sexta-feira!
É logo ali, onde eu posso voltar a ter apenas as duas mãos e o sentimento do mundo.
E, por favor, perdoe-me, senhora Inspiração, se escrevi carta tão comprida. Não tive tempo de fazê-la curta.
By Carolina Bahasi
05 de Novembro de 2008
15:07 h
quarta-feira, 5 de novembro de 2008
terça-feira, 4 de novembro de 2008
Correr...
Todos os dias de manhã, na África, o antílope desperta.
Ele sabe que terá de correr mais rápido que o mais rápido dos leões para não ser morto.
Todos os dias, pela manhã, desperta o leão.
Ele sabe que terá de correr mais rápido que o antílope mais lento, para não morrer de fome.
Não interessa que bicho você é, se é leão ou antílope.
Quando amanhece, é melhor começar a correr. (Provérbio Africano)
Ele sabe que terá de correr mais rápido que o mais rápido dos leões para não ser morto.
Todos os dias, pela manhã, desperta o leão.
Ele sabe que terá de correr mais rápido que o antílope mais lento, para não morrer de fome.
Não interessa que bicho você é, se é leão ou antílope.
Quando amanhece, é melhor começar a correr. (Provérbio Africano)
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