terça-feira, 29 de abril de 2008

Dedico-te

Por Rui Santiago
Apanhaste-me pelo encanto e despiste-me depois de todos os romantismos. É assim que Te falo hoje, despojado da doçura com que disseste o meu Nome no princípio dos dias desta história, firmando-me nas pernas que já correram para Ti e agora Te enfrentam num misto de medo e de raiva. Não sei que palavras dizer-Te… Quero só enfrentar-Te. Deixa-me! Não me negues também isto.
Quero que desças à arena em que transformaste a minha vida nestes dias e lutes comigo. Quero lutar contigo! Quero perder. Quero lutar contigo até ao sangue, o meu. Quero travar-me de razões contigo, quero descobrir quem é mais forte, quero tomar-Te o pulso, ver de verdade o que vales, perceber quanto aguentas… Preciso disso, Deus que me inquietas, para ter a certeza que poderás comigo para sempre.
Não sei se duvido de Ti ou de mim. Mostra-me que vales a pena, mostra-me o Teu tamanho, prova-me que posso fiar-me de Ti, assegura-me que vales o que perco em Teu Nome… luta comigo! Luta comigo, se és Deus, e derrota-me se me amas!
Desejo essa luta como água fresca neste deserto. Convoco-Te para a arena da minha derrota. VEM! Quero perder; VEM!Luta comigo até ao sangue do Homem Velho empapar o chão dos meus medos e das minhas recusas. Luta comigo e obriga-me a fazer o que mandas, a ir para onde apontas, a amar o que pedes, a ser o que desejas! Luta comigo e derrota-me, tira-me todas as hipóteses de fugir de Ti ou de fazer perguntas.
Quero o sabor dessa Derrota Redentora, a doçura da paz que experimentam todos os que lutaram contigo para perder. Mas para isso tens que aceitar lutar comigo… VEM! Desce a esta arena de palavras que são como punhos fechados dentro de mim, e aceita enfrentar-me. Se não fores capaz de me derrotar agora, não vales a pena. Não és digno de que Te entregue o melhor da minha Vida se não me conseguires derrotar nesta batalha… Quero-Te nesta arena! Preciso de Ti aqui para perder!
Não procuro senão essa Derrota Redentora em que poderei, manchado do sangue do Homem Velho, sorrir finalmente de confiança e paz enquanto digo: “Já está! Acabou!”E perceber que és sempre Tu o mais forte. E perceber que te atribuo coisas que não conheces e sentimentos que não geras Tu em mim… e crescer com tudo isto outra vez até Te amar incondicionalmente.
Quando desces? Quando lutas? Quando me derrotas? Quando me salvas? Perco-me no Teu silêncio… Preferia um grito irado que me despedisse, acho eu, a este silêncio. Ao menos tinha como responder-Te! Mas este silêncio… … … e parece que há qualquer coisa nele, como um rumor, que me sussurra que estás aqui e agora a lutar comigo, aqui e agora a derrotar-me com essas manhas que eu já vou intuindo de outros dias, mas das quais ainda não aprendi a defender-me… e agradeço-Te, no fundo…
Não, não queria dizer-Te isto agora! Não quero que penses que estou mole! Não quero perder assim, mas na arena, com palavras como punhos cerrados… Estás aqui ou não? O que é isto que estou a sentir? És Tu? És Tu a lutar? Está perto a minha derrota? Está próxima a minha Derrota Redentora?Porque é que eu preciso de Ti?! O que me fizeste, com que laço me ataste ao Teu flanco para me ser tão doloroso pensar que Te perco?! Diz-me só o que é isto que estou a sentir… És Tu? Lutas em mim? Está perto a minha derrota?
Estou farto de ser tão fraco diante de mim mesmo e tão forte diante de Ti!VEM! Quero perder… … e amo-Te. Apesar de tudo, amo-Te! Não sei como, mas amo-Te!

domingo, 27 de abril de 2008

PROCURO

Por: Rui Santiago
Procuro a Novidade de Deus… O Rosto de um Deus sempre novo, livre, com um Amor que supere toda a Lei, ainda que imposta em Seu Nome, e um Perdão que supere todo o pecado… Um Deus que não coincide comigo, não é uma projecção de mim mesmo, nem sequer do meu melhor… Um Deus que me liberte da lógica dos ídolos que oprimem a consciência, entristecem as palavras e tolhem os gestos dos seus crentes, porque só pensam em si próprios… Procuro o Deus de Jesus!
Procuro o Fascínio de Jesus… O encontro com aquele Nazareno que “passou entre nós fazendo o bem, curando e libertando os que eram oprimidos pelo mal”, como dele testemunharam os primeiros discípulos… O face-a-face com o Messias Inesperado, apaixonado pela Esperança do Reino de Deus e companheiro dos pobres e enjeitados do seu povo… Procuro o Evangelho, a Boa Notícia de que Deus é Fiel e por mediação de Jesus me faz membro da Sua Família…
Procuro o melhor de mim… O meu verdadeiro Rosto, o meu verdadeiro Nome, tal como sou conhecido e chamado por Deus no meu íntimo, a verdadeira identidade do meu Coração, que até a Deus encanta… Procuro a capacidade de acreditar em mim como Deus acredita, de me ver como Ele me vê a ponto de descobrir dentro de mim maravilhas, possibilidades, fortalezas e belezas que nem imaginava que me habitassem…
Procuro o sentido da História… O discernimento dos acontecimentos à luz da Fé, a intuição da Fidelidade de Deus a acontecer no íntimo da minha história e a torná-la, pelo Seu Amor, uma história de Salvação… Procuro os Sinais do Reino semeados na terra do meu mundo, no silêncio do desenrolar do tempo e das iniciativas das pessoas humanas, na certeza que é uma semente cheia de vitalidade e dará fruto sempre trinta vezes mais, sessenta e cem, como dizia Jesus, apesar de também haver pedras e silvados… Procuro conhecer onde é que o mistério da Vida vai dar…

terça-feira, 22 de abril de 2008

Nojo

Nojo de tudo.
Nojo da voz.
Nojo da cara de nojo.
Nojo da presença.
Nojo

segunda-feira, 21 de abril de 2008

" Once" que filme...



Falling Slowly
(tradução)

(Glen Hansard / Marketa Irglova)
Eu não te conheço,
Mas te quero
Ainda mais por isso
As palavras me escapam
E sempre me enganam
E eu não consigo reagir
E jogos que nunca são
Mais do que parecem
Encerrarão sozinhos
Refrão:
Pegue esse barco naufragante e guie-o para casa
Nós ainda temos tempo
Levante sua voz esperançosa
Você tem uma escolha
Você conseguiu agora
Apaixonando-se lentamente,
Olhos que me conhecem
E não posso voltar
Emoções que me tomam e me apagam
E eu fico triste
Você já sofreu bastante
E brigou com si mesma
É hora de você ganhar
Refrão
Pegue esse barco naufragante e guie-o para casa
Nós ainda temos tempo
Levante sua voz esperançosa
Você tinha uma escolha
Você conseguiu agora
Apaixonando-se lentamente,
Cante sua melodia
Eu cantarei junto com você

domingo, 20 de abril de 2008

:

Só sei que foi assim ....

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Eu vi uma rosa

Eu vi uma rosa
-Uma rosa branca-
Sozinha no galho.
No galho? Sozinha
No jardim, na rua.

Sozinha no mundo.

Em torno, no entanto,
Ao sol de meio-dia,
Toda a natureza
Em formas e cores
E sons esplendia.

Tudo isso era excesso.

A graça essencial,
Mistério inefável
-Sobrenatural-
De vida e do mundo,
Estava ali a rosa
Sozinha no galho.

Sozinha no tempo.

Tão pura e modesta,
Tão perto do chão
Tão longe na glória
Da mística altura,
Dir-se-ia que ouvisse
Do arcanjo invisível
As palavras santas
De outra Anunciação.


Poema de Manoel Bandeira

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Sem comentarios

Analisando essa história,
cada vez mais me embaraço.
Quanto mais longe do circo,
mais eu encontro palhaço.

by Rubinha

terça-feira, 15 de abril de 2008

Um pouco e tudo

Solidão não é estar só, ausência de companhia.
É não estar em paz consigo mesmo, não tolerar a própria presença.
Solidão é sonhar com alguém, que não se saber quem.
É ter saudades daquelas coisas que não conhecemos.
Dos livros que não lemos.
Daquele que se foi e não disse até breve.

Solidão pode ser a dois, a três.
No meio do mato, no meio de tudo.
É um caminhar sem rumo, um chegar ao nada.
É desejar voltar a um lugar, que não se sabe aonde é.
Sem esperar boas vindas.
No anseio por quem sabe um adeus.

Solidão é eu e você,
Cada um na sua, cada um consigo mesmo.
Vivendo em seus mundos cor de fel.
Construídos pela esquizofrenia interior.
Externando o viver mediano.
Solidão é isso e nada mais e nada mais que isso.

domingo, 13 de abril de 2008

Ahn?!

O de se pronuncia di.
Bom Dia se pronuncia Bon Díâ.
Pessoa alta é Galalau.
E querem que eu entenda essa lingua doida?
E juram que em Pernambuco se fala português.

domingo, 6 de abril de 2008

O que é o amor?

Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que se ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade
É servir a quem vence o vencedor,
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade;
Se tão contrário a si é o mesmo amor?



Soneto 11 de Luís Vaz de Camões

terça-feira, 1 de abril de 2008

Canções

Sempre vai haver uma canção
cantando tudo de mim

Sempre vai haver uma voz
cantando tudo, tudo de nós



by Kid Abelha