sexta-feira, 18 de abril de 2008

Eu vi uma rosa

Eu vi uma rosa
-Uma rosa branca-
Sozinha no galho.
No galho? Sozinha
No jardim, na rua.

Sozinha no mundo.

Em torno, no entanto,
Ao sol de meio-dia,
Toda a natureza
Em formas e cores
E sons esplendia.

Tudo isso era excesso.

A graça essencial,
Mistério inefável
-Sobrenatural-
De vida e do mundo,
Estava ali a rosa
Sozinha no galho.

Sozinha no tempo.

Tão pura e modesta,
Tão perto do chão
Tão longe na glória
Da mística altura,
Dir-se-ia que ouvisse
Do arcanjo invisível
As palavras santas
De outra Anunciação.


Poema de Manoel Bandeira

Um comentário:

Renata Carvalho Rocha Gómez disse...

Odio, nunca escreverei como esse cara