Contar história; Fazer memória.

30. 30 aniversários! Acredita?! Nem eu...

Em bom capixaba: “Caracas!!! Sério?! Você tem rostinho de vinte e poucos...”

Dias atrás pai me ligou e disse: - Uai, filha, você já vai completar 30 anos? Mais, já?

É pai, o tempo passou... os anos passaram...

A dúvida em duvidar dos meus duvidosos 30 anos de vida estão me deixando em dúvida!

Fato histórico: ao terceiro dia do mês de julho, inverno brasileiro e evidenciado nas montanhas de Minas, do ano de 1978 (ano em que a Argentina chegou a final da Copa do Mundo FIFA após vencer o Peru por um placar estranho de 6x0, que eliminou o Brasil, e ganhar a copa mundial na partida final contra a Holanda por 3x1; ano em que acorreram as greves do ABC Paulista lideradas pelo então sindicalista Luís Inácio Lula da Silva, que contribuíram para o fim do Regime Militar; ano da guerra escondida em Timor-Leste através da política dos EUA face a Jacarta desde o fim da II Guerra Mundial; ano de lançamento do primeiro computador pessoal) as 14h – tai a explicação da minha sutil indisposição em acordar cedo – na maternidade do Hospital da Previdência em Belo Horizonte, a melhor mãe do mundo – a minha – dava à luz a sua filha caçula. Raspinha do tacho, como ela gostava de dizer carinhosamente! Que saudade, mãe!

Bom, o 1º parabéns para mim nesta data muito querida de que me recordo foi o meu 3º aniversário. Tenho uma foto, única, que não me deixa esquecer. Clássico bolo confeitado, coca-cola de garrafinha naquele modelo antigo, ainda com a logomarca na cor branca, pastel comum, tipo de feira, de queijo e carne. Na foto, atrás dessa mesa de encher a boca e o coração de saudades gostosas estão meus fiéis escudeiros, irmão amados: Alex, Arnaldo e Ailton, minha rimã fada Alê e meu pai ainda engravatado do trabalho, pois chegou na hora do flash. E minha super mãe onde estava? Nos bastidores, garantindo o sucesso do espetáculo de mais um dia na vida de seus filhos. Fato peculiar na foto? Meu estilo desde pequenina e o gosto por sobreposição de peças de roupas. Blusinha vermelha de mangas longas e macacão jeans. Cheia de estilo, de pé em cima de uma cadeira a despeito da baixa estatura desde novinha. Macacão este que garantia a elegância e protegia uma bola de ping-pong que tinha na minha barriga – hérnia umbilical. Mãe dizia que eu era mestre em encostar a barriga no forno quente. Mãe zelosa garantia o estilo e a proteção da filha de barriga empinada. Que saudade, mãe!

Meu próximo aniversário de que me recordo? 7º. Mês de férias. Mês de parabéns para mim na data querida. Mês de aproveitar as férias escolares para retirar a hérnia umbilical. Detalhe: minha irmã também tinha hérnia umbilical e fomos submetidas a intervenção cirúrgica no mesmo dia, mesma equipe médica, mesma sala de cirurgia, tudo igual e em dobro e junto para as duas. E minha mãe? Nos bastidores, garantido mais um sucesso de espetáculo. Dado interessante: este foi o maior escândalo da minha vida. Não me lembro de chorar e gritar tanto e tão alto como neste dia. Gritava: não vou!!! E chorava!!! Gritava: não quero!!! E chorava!!! Gritava muito: quero a minha mãe!!! E chorava!!! E a pobre da enfermeira dizendo: Vou te dar um balãozinho! Vamos?! Gritei e chorei por mim e minha irmã que aceitou a situação na maior passividade sendo ela apenas dois anos mais velha que eu. Alê é assim desde que a conheço e me entendo por gente. Não é hippie mas sempre foi paz e amor! Mãe dizendo: Calma, filha! E lá fui eu aos berros e choros ganhar o balãozinho. Balão de oxigênio, literalmente. E o que me lembro depois? Minha sutil cicatriz, fina, quase invisível, abaixo do umbigo marcado até os dias de hoje.

Mais um aniversário marcante? 9º .Tema: Moranguinho. Eu vestida como tal, vários docinhos em forma de moranguinho e um bolo também em forma de morango com portas e janelas. A casa da Moranguinho, claro! Tudo feito com muito amor e carinho pela minha mãe. Comi muitos docinhos de moranguinho por mais dois, três dias após a festa. Delícia de guloseimas!!!

O 15º aniversário me deixaram boas lembranças. Festa em casa, roupa linda, amiguinhas do colegial, bolo de noiva, rosa, valsa com meu pai, irmãos, tios... E um buffet delicioso todo preparado pela minha mãe, como sempre! E muita, muita felicidade!!!

O que define os meus aniversários após os 15? A presença fiel, nesta data querida, dos meus pais, meus irmãos e minha madrinha. Esta que também esteve sempre presente desde o início dos meus dias. Esta que disse no dia da despedida da mamãe: - Filha, conte comigo! Esta que me liga até os dias de hoje para me dar à benção e dizer que está com saudade da afilhada! Madrinha Graça, amada do meu coração!

Família grande é massa! Dividimos os problemas e multiplicamos a alegria. Basta estar junto que dá festa. Dá rock.

Do 16º ao 28º aniversário estavam lá, fielmente, meus amados pai e mãe, irmãos, madrinha e variações de amigos e agregados.

Bolo, parabéns para mim na data querida e guloseimas, muitas e gostosas que mãe sempre fez com muito amor e carinho! Como ela gostava de comemorar nossos aniversários. Comemorar nossa vida! Não passava nada em branco.

Nesse meio tempo a família cresceu. Meus irmãos casaram, formaram suas famílias e hoje sou tia de 7 sobrinhos. Escalação: Arnaldinho, Ana Flávia, Gabriela, Pedro, João Victor, Lucas e Henrique. Só tem fera! Cada um mais lindo que o outro!

E os aniversários?! Comemorados sempre, e sempre assim: família, amor incondicional, abraços, carinho, bolo, brigadeiro e parabéns para mim na data querida! Sempre!

Um ano atrás, neste mesmo dia, comemorava meu 29º aniversário, em BH, casa do pai, minha família, tudo como sempre ou quase se não fosse a ausência da mamãe. Quem estava nos bastidores desta vez? Minha amada irmã que herdou os mesmos dons culinários da mãe sem falar no amor em servir. Primeiro aniversário sem a presença dela. Minha vida pode ser contada a partir daí. 1º ano de vida de uma vida marcada definitivamente pela ausência da mamãe. Que saudade da Sra.! Que saudade!!!

Deste 1º ano de vida, o que posso dizer?! Intensidade! Existe em mim uma Verdade maior que todas as minhas infidelidades. Existe em mim a urgência de esperar, a atração por um futuro realizado e pleno, a plenitude dos tempos que o meu coração anseia e que acredita pela experiência íntima de que Deus é Fiel, Duradouro e Verdadeiro!

E hoje, ao 2º ano de vida, completando 30 anos posso dizer que existe em mim uma força Maior que a força de todas as minhas fraquezas! Quero o Fim da História, a sua consumação, o fim do Tempo e do Espaço do Ser Humano em construção, em que até as experiências eternas parecem sempre um bocado curtas, ambíguas, misturadas, não definitivas. Porque existe em mim uma Vocação maior que qualquer dos meus desejos ou projetos e, por isso, maior também que qualquer dos meus receios! Um Sonho de Deus que tem a ver muito mais do que comigo, um movimento da condescendência de Deus que ao eleger-me no Seu Amor me orienta na direção de uma multidão incontável de homens e mulheres a quem Ele já está a amar e a projetar dizer-Se através de mim...

Primeiro aniversário que não tenho minha família perto, presente. Estamos a quase 700km de distância, mas a despeito da distância geográfica eles nunca estiveram tão presentes em minha vida e no meu coração! Amo vocês, família! Amo vocês!

Algo marcante dos 30 que apenas começou? Recebi um sms do meu super pai (muitas vezes meu herói e bandido) que tem tentado ser super-pai-mãe, as 00:02h deste dia 03:

“Minha filha, que a graça do nosso Senhor Jesus Cristo esteja com você hoje e sempre. Feliz aniversário. Beijos, papai!”

Bora lá viver! 30 vezes mais!!!