Pouco pra mim é tão muito...
Quando minha vida fica assim, muito cheia, começo a sentir falta de mim mesma. Acontece de encher minha vida de gente e cada gente com seus porquês e é porquê demais pra mim.
Isso acontece sempre... Mas só percebo depois, quando já estou sufocada de pensamentos, idéias, angústias, felicidades e tristezas. Minhas e das gentes.
Eu me pego em situações como agora. Três finais de semana com horários programados, com pequena margem de erro entre um evento e outro. E eu me boicoto porque entro no clima e invento mais coisa pra fazer e marco hora com as pessoas! E vou no fluxo. Até ficar sem ar.
Aí eu paro e grito.
Gritei.
Onde estou? Cadê aquele livro da capa rosa que nem me lembro mais do nome que eu estava lendo? Cadê meus textos escritos e não postados? Cadê as fotos que ainda não baixei? Cadê a tela e a tinta a óleo? Cadê o livro de receitas infantis do meu filho? Cadê ficar deitada na cama com a veia contando histórias desconexas do passado em Itabira? Cadê minha argila? Cadê?
Aí começo a ficar tão, mas tão perdida que invento de perder as coisas. Mais ou menos assim: antes de ontem deixei no carro do meu instrutor de auto-escola uma sombrinha que peguei ontem, quando esqueci o isqueiro e a sombrinha. Hoje vou esquecer algo, provavelmente. Na casa do meu namorado devem estar uns três maços de cigarro de palha pela metade, um pé de meia, um pente e, sei lá, uma borracha. Na casa da minha irmã ficaram ontem: As duas máquinas digitais, meus dois celulares, um pé do tênis do meu filho, uma blusa de frio e um vestido (acho). Lá em casa deixei o lap top ligado, dormi em cima de uma régua e não sei se desliguei a TV quando saí pra trabalhar hoje. Ah! O trabalho. Com certeza já me esqueci de várias coisas que deveria ter feito logo cedo. Mas não sei o que poderia ser. Chego ao ponto de não ter certeza se hoje é quinta ou sexta-feira. E cadê o brinco que minha mãe comprou para combinar com meu lindo vestido florido que vou usar no casamento do meu primo amanhã? Tenho que ver se já marquei horário no salão. Meu esmalte vermelho já descascou...
Ai, caçamba!
Sono. Mas eu não paro. A vida parece que vai acabar hoje. E até pode, mesmo... Cansaço. Preguiça. Ressaca. Dor de estômago. Frio. Acho que um pouco de febre. Pescoço duro. Sono.
Muito sono. Mas não durmo. Não leio, não escrevo, não descanso, não assisto filmes, não pinto, não faço arte, não corro... Cadê meu tênis?
Ai. Coisa demais.
Rola um abraço coletivo? E colo?
Um comentário:
meus braços estão disponíveis!
e Bahasi deveria ser colonista do alhos...
Postar um comentário