Já eram quase três horas da manhã quando abri bem os olhos e vi.
Uma multidão implorando por amor. Por atenção, por estima. Chorando desprezo, dores da alma, angústia e um sentir-se só.
Mulheres sensualíssimas com rosto pintado e um certo olhar de drogas injetáveis. Elas dançavam, rebolavam seu rebolado curto, desfilavam tatuagens coloridas, cabelos desfiados e drinques acompanhados de seus cigarros. Unhas vermelhas, olhares nada acanhados dizendo “come and (try to) get me”. Disputamos pessoas, poder, beleza, raridades. E ficamos todos iguais. E um vazio gigante por dentro, quase imperceptível.
Era muito tarde pra mim. Quase três horas da manhã. Mas, também segurando meu drinque acompanhado de seu cigarro, dispus-me a observar aquela “dança-do-acasalamento-moderno”, onde o objetivo finale era outro, que não a reprodução. Ao menos racionalmente.
Mundo louco este em que vivemos. Somos filhos de Woodstock, libertos de verdades e mentiras. Aprendemos artes, mulheres votam, sexo é uma bobagem normal e inútil, aparência vale mais que tudo e... tudo pode. O meio sustentável de relacionamento é a internet, a impessoalidade chega aos consultórios psiquiátricos, e nossos cientistas pesquisam sobre células-tronco enquanto brigam com a Igreja quando o assunto é camisinha.
Mundo louco onde inventam vírus para venderem antivírus e neuroses para venderem antipisicóticos. E todos somos carentes de pais ausentes e mães culpadas porque trabalham o dia todo e pipoqueiros vendem drogas nas portas das escolas!
E nos sentamos na frente da TV todos os dias e assistimos os novos capítulos das novelas do caos político, dos filhos jogados em latões de lixo, do policial corrupto, das meninas de 12 anos e seus filhos, da AIDS, dos tiroteios nas favelas, das pessoas depressivas... E da nova coleção de biquínis Rosa Chá!
E quando abri bem meus olhos de sono vi muito bem: mulheres se jogando aos machos autistas, drogas que resolvem todos os problemas (tensão, estresse, transtorno obsessivo compulsivo, solidão, sede, gordura, magreza e vontade de chorar), cheiro de desespero, de desperdício.
Mundo louco! Muito louco este em que vivemos. Habitamos, sobrevivemos, interagimos individualmente sob cápsulas protetoras. O contato se restringe aos meios de comunicação virtuais e a poucos encontros com a realidade massacrante que criamos.
E não sabemos o que fazer com as mãos. E corpos.
Foi aí que fiquei com nojo. Eu estava ali também.
Como não pude vencê-los, só me faltou verificar se minha segurança ainda estava no meu bolso. Meu Rivotril.
É revoltante.
Uma multidão implorando por amor. Por atenção, por estima. Chorando desprezo, dores da alma, angústia e um sentir-se só.
Mulheres sensualíssimas com rosto pintado e um certo olhar de drogas injetáveis. Elas dançavam, rebolavam seu rebolado curto, desfilavam tatuagens coloridas, cabelos desfiados e drinques acompanhados de seus cigarros. Unhas vermelhas, olhares nada acanhados dizendo “come and (try to) get me”. Disputamos pessoas, poder, beleza, raridades. E ficamos todos iguais. E um vazio gigante por dentro, quase imperceptível.
Era muito tarde pra mim. Quase três horas da manhã. Mas, também segurando meu drinque acompanhado de seu cigarro, dispus-me a observar aquela “dança-do-acasalamento-moderno”, onde o objetivo finale era outro, que não a reprodução. Ao menos racionalmente.
Mundo louco este em que vivemos. Somos filhos de Woodstock, libertos de verdades e mentiras. Aprendemos artes, mulheres votam, sexo é uma bobagem normal e inútil, aparência vale mais que tudo e... tudo pode. O meio sustentável de relacionamento é a internet, a impessoalidade chega aos consultórios psiquiátricos, e nossos cientistas pesquisam sobre células-tronco enquanto brigam com a Igreja quando o assunto é camisinha.
Mundo louco onde inventam vírus para venderem antivírus e neuroses para venderem antipisicóticos. E todos somos carentes de pais ausentes e mães culpadas porque trabalham o dia todo e pipoqueiros vendem drogas nas portas das escolas!
E nos sentamos na frente da TV todos os dias e assistimos os novos capítulos das novelas do caos político, dos filhos jogados em latões de lixo, do policial corrupto, das meninas de 12 anos e seus filhos, da AIDS, dos tiroteios nas favelas, das pessoas depressivas... E da nova coleção de biquínis Rosa Chá!
E quando abri bem meus olhos de sono vi muito bem: mulheres se jogando aos machos autistas, drogas que resolvem todos os problemas (tensão, estresse, transtorno obsessivo compulsivo, solidão, sede, gordura, magreza e vontade de chorar), cheiro de desespero, de desperdício.
Mundo louco! Muito louco este em que vivemos. Habitamos, sobrevivemos, interagimos individualmente sob cápsulas protetoras. O contato se restringe aos meios de comunicação virtuais e a poucos encontros com a realidade massacrante que criamos.
E não sabemos o que fazer com as mãos. E corpos.
Foi aí que fiquei com nojo. Eu estava ali também.
Como não pude vencê-los, só me faltou verificar se minha segurança ainda estava no meu bolso. Meu Rivotril.
É revoltante.
By Carolina Uva Bahasi
23 de Julho de 2008
23 22:41 h
23 de Julho de 2008
23 22:41 h
3 comentários:
É revoltante, mas tuas palavras deixam escapar um tom poético, quem sabes não o tens?
Sabemos mais da vida das pessoas que moram do outro lado do mundo, do que conhecemos nossoas vizinhos, nosso amigos...Passamos tanto tempo nesta "cápsula" que esquecemos que há ar puro lá fora...
As mulheres se transformaram em "carne exposta" no açougue da libido desenfreada e da banalização do sexo. Os valores estão sendo desvirtuados...Issso revolta de fato.
Excelente texto..
Beijocas
Amei!
Engraçado como sempre me sinto assim em alguns lugares... em boates, especificamente. Vou seguir seu "conselho" e levar meu olcadil na próxima!
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